Possibilidade de transbordamento de barragem, após 14 anos, é foco de preocupação

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Foto: Sandro Menezes.

Uma reunião convocada pelo governo do Estado e realizada na manhã desta segunda-feira (24), discutiu a questão das chuvas dos últimos dias que afetaram a produção agrícola, a pecuária, a carcinicultura e o turismo com foco em ações imediatas para reduzir os danos que possam ser causados pelo transbordamento da barragem de Poço Branco.

A barragem tem capacidade para acumular 136 milhões de metros cúbicos e pode atingir nos próximos dias a quota de sangria pela primeira vez desde 2010. O volume nesta segunda-feira, segundo boletim do Instituto de Gestão de Águas do Rio Grande do Norte (IGARN), era de 129,3 milhões, 95% da capacidade.

A manutenção das comportas, tanto da barragem como de uma área de contenção de enchentes localizada em Estivas, município de Extremoz, foi considerada prioridade imediata pelos participantes da reunião. A responsabilidade no caso é do Departamento Nacional de Obras contra as Secas (DNOCS), que está se integrando à força-tarefa do Governo do Estado para atuar na solução do problema.

“Uma equipe formada por técnicos do IGARN e da SEMARH [Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos] estará indo a Estivas para fazer um levantamento sobre a situação das comportas”, disse o secretário-adjunto do Gabinete Civil, professor Ivanilson Maia, que conduziu a reunião. Conforme informações repassadas na reunião, das 24 comportas de Estivas, apenas quatro estariam funcionando normalmente. “O DNOCS está chegando para resolver esse problema”, reforçou Ivanilson. Ele disse ainda que o governo do RN também está trabalhando com os municípios no plano de contingência para atender, o mais rapidamente possível, as populações afetadas.

Alerta

O inverno no Litoral e Agreste Potiguar começa em meado de maio e vai até o final de julho. A previsão da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn) é de que as chuvas vão persistir nesses duas regiões. “Nesta semana vai ser mais tranquilo em quantidade de chuvas, coisa de 15 a 20 milímetros, nada parecido com o que ocorreu no fim de semana. No entanto, estamos esperando eventos mais intensos no Litoral em julho porque as condições do oceano Atlântico estão favoráveis a essas ocorrências na região de Ceará-Mirim”, informou o meteorologista Gilmar Bristot.

As chuvas dos últimos dias afetaram a produção agrícola, a pecuária e a carcinicultura, importantes fontes de renda do Vale do Ceará-Mirim. O prefeito Júlio César Câmara demonstrou preocupação com a possibilidade de a situação se agravar caso sejam confirmadas a previsão de chuvas para a região. “Estamos trabalhando em conjunto com o governo do Estado na adoção de medidas para diminuir os danos que a sangria da barragem provavelmente provocará. Enquanto isso, estamos alertando a população ribeirinha a retirar os animais das áreas passíveis de inundação”, disse o prefeito de Ceará-Mirim.

“Os municípios atingidos são Taipu, Ceará-Mirim e Extremoz. As Defesas Civis desses municípios já trabalham em conjunto com a Defesa Civil do Estado no cadastramento da população afetada e na adoção de medidas preventivas”, explicou o coronel Marcos de Carvalho, coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil do Rio Grande do Norte.

Agricultora familiar na comunidade Araçá, em Extremoz, Ticiane relatou prejuízos causados pelas chuvas a produtores de banana, feijão, quiabo e também na cultura do camarão. “Está tudo alagado. As baronesas (plantas aquáticas) soltam uma toxina que acaba com o rio. Morre peixe, morre tudo.” Para Ceres Dantas, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Ceará-Mirim, a maior preocupação, hoje, são os vales úmidos. “Defendemos que seja feita a manutenção adequada das comportas na região de Estivas para que não prejudique agricultores e pescadores.”

Além das medidas de contenção, a dragagem dos rios, assistência aos agricultores e aos moradores de áreas ribeirinhas também foi discutido pela governadora Fátima Bezerra.

Participaram da reunião, o prefeito de Ceará-Mirim, Júlio César Câmara; representantes de trabalhadores rurais e do Comitê de Bacia Hidrográfica do Ceará-Mirim, secretários de Estado dos Recursos Hídricos; Agricultura Familiar, Assistência Social, Infraestrutura, Defesa Civil Estadual, Emparn, IGARN, entre outros.

Jornalista | Palestrante | Assessora de Comunicação | Consultora em Gestão de Crise de Comunicação | Apresentadora de rádio e televisão.

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