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Dados são do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema)
O ano de 2024 começou um pouco mais salgado para os consumidores de Natal. Dos 13 alimentos que compõem a cesta básica, em Natal, nove tiveram alta de preços, com destaque para os legumes, que subiram 25,84% em um mês, seguido pelo arroz (8,79%), tubérculos (6,72%) e açúcar (3,95%). Os dados são do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), calculado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). O salto no preço dos legumes tem provocado mudanças no prato da população.
A autônoma Ana Cláudia Costa, 59 anos, é exemplo de quem sente os efeitos do aumento e passou a comprar em menor quantidade e com menos frequência. “Faço as minhas compras, que são só para mim e meu marido, mas também faço a feira da minha mãe e como lá tem mais gente, a gente percebe bastante esse aumento. Antes a gente reservava R$ 400 para fazer uma feirinha, mas esse valor está comprando muito menos do que comprava antes. A batata, por exemplo, aumentou muito e a gente não consegue comprar na mesma quantidade. Já tem que fazer um puxado no orçamento”, diz.
Especialistas ouvidos pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE apontam que diversos fatores econômicos e logísticos podem contribuir para esse cenário de aumento de preços. Entre eles, estão as condições climáticas desfavoráveis em algumas regiões produtoras, que prejudicaram a oferta de determinados produtos. O fenômeno El Niño, que consiste no aquecimento além do normal das águas do Pacífico, vem provocando enchentes no Sul do País e secas na região Norte, por exemplo, o que afetou a produção de tubérculos, legumes, frutas e verduras no País.
A expectativa é de que este cenário se estenda até abril, projeta Gilvan Mikelyson Gois, presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn). “De outubro de um ano até março de outro, verduras e legumes sofrem um pouco de alteração de preço devido aos fenômenos climáticos, são as chamadas chuvas de verão que atrapalham as lavouras, e esse ano houve um desequilíbrio ainda maior nessas chuvas, o que acabou favorecendo o aumento de alguns itens. Além disso, temos fatores de sazonalidade, por exemplo, a batata é um item muito consumido no fim de ano, tudo isso tem impacto na oferta”, explica.
Além da batata-inglesa, itens como cenoura, cebola, abóbora e arroz vem pesando no carrinho do supermercado, dizem os consumidores. “Viver hoje com um salário-mínimo é uma tarefa impossível porque o aumento do salário não acompanha a subida dos preços no supermercado. A cenoura está um absurdo de cara, a batata também, então a gente meio que não tem opção. Tem que comprar menos ou deixar de comprar, pesquisar para ver se consegue um preço melhor, mas a realidade é essa”, desabafa a servidora aposentada, Francisca Gomes, de 67 anos.
Quem compartilha do mesmo sentimento é a dona de casa Maria de Fátima da Silva, 68. “É muito duro alguém que ganha salário-mínimo conseguir sobreviver. Todo mês é aumento de uma coisa diferente, a gente até para e fica sem acreditar, desabafa com alguém do lado que está comprando também, mas é isso. A gente até diminui o consumo de legumes porque o preço está alto demais, cebola e batata estão um absurdo. Cenoura também, se a gente for falar dos outros itens então, arroz subiu muito, laranja também, o azeite está custando o olho da cara”, conta.
O economista Thales Penha diz que os preços constantes de itens da cesta básica afetam famílias de todas as classes, mas o impacto acaba sendo maior para quem ganha menos. “Os legumes e as frutas são bens muito superiores, elas tem um caráter complementar. Quando eles aumentam, as famílias mais pobres deixam de consumir quase que automaticamente porque vão focar na alimentação básica: arroz, feijão e proteína. Como a gente tem uma distribuição de renda muito ruim, às vezes uma pequena variação no preço de um legume ou de uma fruta faz com que eles desapareçam completamente da mesa das famílias mais pobres”, diz.
Cesta básica teve aumento de 2,83%
O custo da cesta básica na cidade do Natal, em janeiro de 2024, calculado pela Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos, do Idema, teve uma variação positiva de 2.83% em relação ao mês anterior. Nas despesas com os produtos essenciais, o custo pesquisado com a alimentação por pessoa foi de R$ 568,52. Para uma família constituída por quatro pessoas, esse valor alcançou R$ 2.274,08. Se a essa quantia fossem adicionados os gastos com vestuário, despesas pessoais, e transportes, o dispêndio total seria de R$ 7.012,40.
Alta de preços
Itens pesquisados em janeiro de 2024
- Legumes (6 kg): +25,84%;
- Arroz (3,6 kg): +8,78%;
- Tubérculos (6 kg): +6,72%;
- Açúcar (3 kg): +3,95%;
- Pão (6 kg): +3,24%;
- Feijão (4,5 kg): +2,72%;
- Margarina (0,75 kg): +2,47%;
- Frutas (9 kg): +1,96%;
- Café (0,30 kg): +1,82%;
- Óleo (0,75 L): -6,67%;
- Farinha (3 kg): -4,58%;
- Carne bovina (4,5 kg): -1,37%;
- Leite (6 L): -0,37%.
Tribuna do Norte com informações do Idema.
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