Grupo criminoso utilizava a rota do Atlântico para transportar cocaína de países da América do Sul para a Europa, escondida em navios cargueiros e por vias aéreas

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Foto: Reprodução.

Operações realizadas nesta terça-feira (10) por autoridades do Brasil e da Itália cumprem 18 mandados de prisão preventiva no Brasil e um mandado de prisão na Espanha contra membros de grupos criminosos ligados ao tráfico internacional de drogas e à máfia italiana. A ação é resultado do trabalho conduzido pela Equipe Conjunta de Investigação (ECI) formada por integrantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal, no Brasil, bem como do Ministério Público de Turim e da polícia da Itália. 

O grupo criminoso utilizava a rota do Atlântico para transportar cocaína de países da América do Sul para a Europa, escondida em navios cargueiros e por vias aéreas. No Brasil, as duas operações deflagradas hoje e batizadas de Mafiusi e Conexão Paraíba cumprem também 46 mandados de busca e apreensão em endereços localizados nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Roraima, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba. 

Além disso, estão sendo cumpridas determinações de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam cerca de R$ 126 milhões. As medidas foram autorizadas pela Justiça Federal do Paraná e da Paraíba e pelo Judiciário italiano, a pedido do Ministério Público dos dois países. 

De acordo com as investigações, os alvos da operação de hoje têm relação com facções criminosas de São Paulo e da Itália, mais especificamente com a máfia 'Ndrangheta da região italiana do Piemonte. O grupo se aproveitava da estrutura logística fornecida pelos brasileiros para transportar enormes quantidades de droga para a Europa a partir do porto de Paranaguá, no Paraná. A cocaína era escondida em contêineres que levavam cerâmica, louça sanitária ou madeira e tinham como destino sobretudo o Porto de Valência, na Espanha. 

Parte da droga também era enviada em aeronaves privadas, com destino principalmente a aeroportos da Bélgica, onde havia suporte do núcleo estrangeiro para promover a retirada da droga antes da fiscalização aeroportuária. 

De acordo com os investigadores, a organização criminosa também mantinha uma complexa rede de lavagem de dinheiro, para dar aparência de legalidade aos recursos obtidos com as atividades ilícitas. Estima-se que a movimentação financeira do grupo, entre 2018 e 2022, tenha superado os R$ 2 bilhões. Para dificultar o rastreamento dos valores, os criminosos faziam transferências para diversas contas bancárias, adquiriam bens, emitiam notas fiscais falsas, entre outros artifícios. 

Trabalho conjunto - A Equipe Conjunta de Investigação (ECI) responsável pelas apurações foi criada em 2019, a partir da assinatura de um acordo entre a Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) do MPF e as autoridades italianas. Desde então, o trabalho conjunto permitiu desvendar as estreitas conexões entre as estruturas mafiosas italianas, espalhadas no Brasil e na Itália, e as organizações criminosas brasileiras de tráfico de drogas.

As investigações também contaram com o apoio dos organismos de cooperação jurídica e policial da Europa (Eurojust e Europol), do Departamento Italiano de Segurança Pública, da Direção Nacional Antimáfia e da Diretoria Central Antidrogas italianas, da Coordenação-Geral de Repressão a Drogas da Polícia Federal do Brasil e da Embaixada da Itália em Brasília (DF).

Jornalista | Palestrante | Assessora de Comunicação | Consultora em Gestão de Crise de Comunicação | Apresentadora de rádio e televisão.

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