Torres e Vasques são suspeitos de terem ordenado a PRF a bloquear o trânsito de eleitores em regiões de maior tendência ao voto a Lula

Post Images
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil.

A Polícia Federal indiciou o ex-ministro da Justiça Anderson Torres (foto) e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques no inquérito das operações de trânsito no segundo turno das eleições de 2022.

Torres e Vasques são suspeitos de terem ordenado agentes da PRF a bloquear o trânsito de eleitores em zonas de maior tendência ao voto em Lula (PT).

Vasques chegou a cumprir prisão preventiva pelo caso por um ano, até ser solto na semana passada, em 8 de agosto.

Dentre os crimes investigados, estão prevaricação, violência política e impedimento ou embaraço ao exercício do voto.

Na véspera, ele publicou uma foto em seu perfil no Instagram pedindo voto ao então presidente Jair Bolsonaro (PL).

A PRF realizou mais do que o dobro de operações no dia do segundo turno, 30 de outubro, comparado ao primeiro, 2 de outubro.

Quase metade das ações no segundo turno ocorreram apenas no Nordeste, com cerca de 300 ônibus abordados. A região representa menos de 30% do eleitorado nacional.

Em depoimento à PF, a ex-diretora de Inteligência Marília Ferreira Alencar afirmou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, teria demandado o mapeamento dos locais de votação mais expressiva de Lula no primeiro turno das eleições.

A finalidade seria coordenar operações da PRF no dia do segundo turno no Nordeste para coagir eleitores do petista. O mapa foi recuperado do celular de Alencar.

TRE-RN

Em dezembro do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) afirmou à PF haver indícios de que blitzes organizadas pela PRF afetaram o fluxo de eleitores no segundo turno das eleições de 2022.

Com base em uma amostra de 5.830 eleitores do município de Campo Grande (RN), um relatório enviado à PF indicou que as abordagens da PRF, na época comandada por Silvinei Vasques, nas estradas do Nordeste, reduto eleitoral de Lula, podem ter prejudicado a votação.

Segundo a Justiça Eleitoral, uma parte significativa dos eleitores que costumava votar pela manhã compareceu às urnas apenas à tarde, após a adoção de medidas emergenciais pela Justiça Eleitoral e o encerramento das operações da PRF.

“Em um primeiro momento, pela manhã, os mesários começaram a relatar o baixo fluxo de comparecimento de eleitoras e eleitores, encaminhando fotos das salas vazias e da inexistência de filas nos corredores das escolas”, afirmou a juíza eleitoral Erika Corrêa.

“Ao indagar sobre o baixo fluxo de eleitoras e eleitores no período matutino — em frontal discrepância com o primeiro turno, onde foram verificadas filas nas seções de votação —, foi relatado, pelos mesários e mesárias, que o baixo comparecimento seria consequência da realização de operação (blitz) por agentes PRF no município”, acrescentou.

Segundo a juíza, operações policiais inibem deslocamentos em cidades do interior, pois é comum que motoristas e veículos estejam em situação irregular ou com documentação atrasada. O receio de ter o veículo apreendido pode ter causado o baixo comparecimento no período matutino.

O relatório concluiu que essa atuação da PRF durante as eleições em Campo Grande pode ter causado um impacto significativo no deslocamento dos eleitores. Não há registros de operações semelhantes nos dois turnos das eleições de 2018, nem no primeiro turno das eleições de 2022.

O Antagonista.

Jornalista | Palestrante | Assessora de Comunicação | Consultora em Gestão de Crise de Comunicação | Apresentadora de rádio e televisão.

Faça Login ou Cadastre-se no site para comentar essa publicação.

0 Comentários