Atualmente, existem nove cursos de mestrado nos campi do interior da UFRN

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Foto: Reprodução.

A pós-graduação é um sonho para quem objetiva seguir uma carreira acadêmica, já que é uma maneira de expandir os conhecimentos e, ao mesmo tempo, produzir um trabalho que pode melhorar a sociedade. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), futuros mestres e doutores têm mais de 100 opções de cursos de pós no Campus Central, em Natal. As unidades do interior do estado ainda estão no início da caminhada, mas também já apresentam grandes resultados.

Atualmente, existem nove cursos de mestrado nos campi do interior da UFRN: três no Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres), em Caicó; dois na Faculdade de Ciências da Saúde (Facisa), em Santa Cruz, e na Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), em Macaíba; um na Faculdade de Engenharia, Letras e Ciências Sociais do Seridó (Felcs), em Currais Novos, e na Escola Multicampi de Ciências Médicas (EMCM), em Caicó. Não há curso de doutorado em nenhum desses campi.

Segundo Rubens Maribondo, pró-reitor de pós-graduação, o cenário está mudando. “O primeiro passo foi a gente garantir que todas as unidades da UFRN tivessem um programa de pós-graduação stricto sensu funcionando. Agora, nós precisamos dar um passo além, que é ofertar doutorado”, afirma. Na Facisa, dois novos programas de pós-graduação chegarão no segundo semestre de 2024: um em Fisioterapia (PPGFIS) e o outro é o Multicêntrico em Ciências Fisiológicas (PPGMCCF), ambos oferecendo mestrado e doutorado derivados de programas do Campus Central. Os cursos de doutorado são os primeiros desse tipo no interior do estado.

A criação do PPGFIS na Facisa será possível graças à fusão do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPgCreab) do interior com o PPGFIS do Campus Central. Para a professora Aline Braga, coordenadora do PPgCreab, os programas de pós no interior têm um importante papel na formação em saúde na região do Trairi e do interior potiguar, já que 65% dos alunos do Mestrado em Ciências da Reabilitação são de cidades interioranas. “Os docentes possuem parcerias nacionais e internacionais bem estabelecidas, publicações de alto impacto em revistas científicas e projetos de pesquisa com financiamento externo, despontando como referência para a pós-graduação no interior do nordeste brasileiro”, declara.

Heloiza Araújo, egressa da Facisa, conta que sua experiência no PPgCreab foi benéfica em sua vida acadêmica e pessoal devido a fatores como a acessibilidade disponibilizada para alunos com deficiência e a flexibilidade dos docentes para atender alunos com necessidades educacionais especiais. “Pude contar com a mentoria de professores excelentes, bem como desenvolver e colaborar com atividades de extensão e pesquisa. A partir disso, foi possível perceber os impactos positivos que a sociedade recebia por meio das ações desenvolvidas na UFRN e pela receptividade da população”, afirma.

Além disso, uma proposta para um possível doutorado em ensino de geografia está sendo analisada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Caso aprovado, o curso passará a ser ofertado no Ceres, em 2025. De acordo com Rubens Maribondo, para a criação de cursos de doutorado é importante “ter um corpo docente com maturidade científica, uma boa infraestrutura de ensino e pesquisa”.

Ainda no Ceres, contudo, um curso de mestrado já faz a diferença não apenas na cidade de Caicó mas em todo o interior potiguar. O Programa de Pós-Graduação em História (PPGHC) realiza pesquisas e promove discussões acerca do sertão potiguar, envolvendo as comunidades dentro e fora da academia e proporcionando a disseminação do conhecimento sobre a área. “Acredito que os resultados dos estudos desenvolvidos por docentes e discentes do programa possibilitam que a história e a memória do sertão norte riograndense, em sua diversidade de temas e agentes, sejam reconhecidas e preservadas”, diz o mestrando Gabriel da Silva Freire. “Acompanhar de perto as ações desenvolvidas no programa, participando de alguma delas, tem contribuído bastante para minha formação enquanto pesquisador na área de História dos Sertões”, completa.

Na Escola Multicampi, o Programa de Pós-Graduação em Educação, Trabalho e Inovação em Medicina (PPG-ETIM) forma mestres que produzem conhecimentos, tecnologias e inovações no ensino da saúde. “As pesquisas são desenvolvidas a partir das necessidades dos serviços de saúde e os produtos das dissertações contribuem para melhorar a qualidade da formação e atenção à saúde”, explica o coordenador do programa, Marcelo Viana. Os produtos desenvolvidos pelos discentes vão de artigos em periódicos a materiais educativos. “O PPG-ETIM tem o desafio de traduzir os resultados de sua pesquisa para uma linguagem de fácil acesso e compreensão para usuários dos serviços, pacientes, profissionais da saúde, estudantes de graduação e pós-graduação e demais interessados nas pesquisas realizadas”, afirma o professor.

O médico Helyson Diniz, recém-formado mestre pelo PPG-ETIM, diz que a integração com a residência médica e as metodologias de ensino do programa foram pontos de destaque em sua jornada na pós. “O mestrado serviu para treinar minha escrita e conhecer melhor as metodologias de pesquisa utilizadas”, afirma. Além disso, Helyson realça o incentivo dado pelo programa para que as pesquisas realizadas produzam resultados que impactem o serviço de saúde local.

Na Felcs e no Ceres também será instalado o Mestrado Profissional em Administração Pública (Profiap), ofertado nacionalmente pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) apenas para servidores públicos atuantes em universidades e institutos federais.

Para Diego Salomão, diretor do Ceres, os cursos de pós-graduação representam a missão da UFRN no interior do Rio Grande do Norte e garantem uma educação gratuita e de qualidade para a comunidade do Seridó, com atenção às necessidades específicas da região. “Os programas de pós-graduação stricto sensu qualificam o ensino e aprendizagem e a produção científica e mobilizam ainda mais a comunidade acadêmica”, declara. George Dantas, diretor da Escola Multicampi, também afirma que as unidades do interior atendem à crescente demanda da região por cursos de pós.

Já o vice-diretor da Facisa, Klayton Galante, vê os cursos de pós em Santa Cruz como uma forma de reduzir assimetrias que existem entre a capital e o interior, proporcionando transformação social e impactando o desenvolvimento dos municípios rurais do estado. De acordo com o fisioterapeuta, o objetivo do novo curso de doutorado é levar mais profissionais à pesquisa científica. “O doutorado no interior do estado reafirma que a presença da Facisa em Santa Cruz é a comprovação de que o investimento na interiorização do ensino é valioso e fundamental”, declara.

Plano de gestão 2023 - 2027

Estimular o crescimento e a evolução dos cursos de pós no interior é um dos objetivos estratégicos do Plano de Gestão 2023 - 2027 da UFRN. Essa meta é evidenciada pelo indicador 6, o índice de consolidação das pós-graduação nas unidades do interior. Além do doutorado chegando na Facisa em 2024, a meta é que esse número cresça a cada ano, com mais quatro cursos chegando nos campi até 2027.

O Plano de Gestão estabelece as diretrizes para a administração da UFRN no período de 2023 a 2027. De acordo com o reitor José Daniel Diniz Melo, as diretrizes para esse novo período reforçarão o compromisso institucional de avançar na qualidade acadêmica, na inclusão e  na inovação. “Em busca do fortalecimento contínuo do valor público da Instituição, o Plano foi estruturado com um Mapa Estratégico, que agrupa os desafios institucionais em três perspectivas inter-relacionadas – Sociedade, Desenvolvimento Acadêmico e Desenvolvimento Institucional –, compostas de objetivos estratégicos, mensurados por indicadores e metas”, completa.

Jornalista | Palestrante | Assessora de Comunicação | Consultora em Gestão de Crise de Comunicação | Apresentadora de rádio e televisão.

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