O ritmo pulsante do rock também conquistou o neurologista Clecio Godeiro Jr., do Hospital Universitário Onofre Lopes

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A energia e a atitude do rock'n'roll podem ser aliadas importantes para a saúde e o equilíbrio emocional. Essa é a avaliação de profissionais da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) que compartilharam como a música impactou suas vidas e ressaltaram os efeitos positivos desse estilo musical para a saúde.

Neste sábado (13), é celebrado o Dia Mundial do Rock, uma referência ao 13 de julho de 1985, quando o festival Live Aid, contra a fome na Etiópia, reuniu grandes bandas em Londres e na Filadelfia, simultaneamente, alcançando mais de 1,5 bilhão de espectadores no mundo.

“Ouvir música contribui para a manutenção da saúde mental. Tirar um tempo para ouvir a música que você gosta é uma forma de reorganizar seus pensamentos, sua rotina, as reflexões, evitando o esgotamento”, afirmou o médico intensivista e superintendente do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), Hermeto Macario Amin Paschoalick.

O gestor contou que sua relação com o rock começou muito cedo, desde a infância, quando ouvia bandas como Beatles, Led Zeppelin, Pink Floyd, Mutantes e Raul Seixas. Ainda criança, ganhou uma guitarra feita especialmente para ele. Já na adolescência, como baterista, formou uma banda de punk rock e hardcore, ‘Cueio Limão’, que chegou a gravar três discos e fazer turnês nacionais.

A diversidade musical do rock, segundo ele, é benéfica até mesmo na Medicina, “com dados que apontam para o efeito positivo da música no tratamento da dor, inclusive em ambientes de terapia intensiva”.

Seu companheiro de banda, o guitarrista, psiquiatra e gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD, Thiago Pauluzi Justino, também compartilhou que sua paixão pelo rock começou na infância, influenciado pelo pai, fã de bandas como Rolling Stones, Deep Purple, Beatles e Pink Floyd. “Aprendi a tocar guitarra de forma autodidata quando tinha 10 anos, influenciado por guitarristas como Jimi Hendrix, Ritchie Blackmore, Eric Clapton e David Gilmour”, contou.

Segundo o psiquiatra, “o rock sempre se relacionou com espírito crítico, inovações, rebeldia, atuando como motor para quebra de barreiras raciais e sociais. Ele é uma forma de construção de vínculos fortes de amizade, proporcionando um espaço para o debate de ideias”. Thiago e Hermeto mantêm uma banda ‘Sinapse Nervosa’, onde encontram um refúgio terapêutico em meio às demandas do trabalho hospitalar.

“O rock e o heavy metal promovem diversos benefícios à saúde mental. Existem estudos científicos que demonstram que este gênero musical proporciona emoções positivas, reduz o nível de estresse e ansiedade, melhora o humor e proporciona a estimulação cognitiva”, complementou o psiquiatra.

Assim, a música, especialmente o rock, pode ser benéfica para a saúde mental: “A natureza intensa e acelerada da música pode atuar de forma catártica, permitindo que os ouvintes processem emoções negativas e raiva de maneira controlada, proporcionando assim sensação de bem-estar e alívio de sentimentos de tristeza”.

A batida certa para a saúde mental

O ritmo pulsante do rock também conquistou o neurologista Clecio Godeiro Jr., do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN). “Tocar violão com meus filhos é uma das minhas atividades favoritas e o rock nos proporciona uma maneira divertida e dinâmica de nos conectarmos”, afirmou.

Segundo o especialista, “a combinação de ritmo, melodia e emoção faz do rock uma parte importante da minha vida, tanto profissionalmente, ao entender seus efeitos no cérebro, quanto pessoalmente, ao compartilhá-lo com minha família”.

O neurologista explicou que a música, de maneira geral, tem um efeito profundo no cérebro humano, estimulando áreas responsáveis por emoção, memória, atenção e movimento. O rock, com seu ritmo forte e batidas marcantes, pode provocar uma ativação intensa do sistema de recompensa do cérebro, liberando neurotransmissores como a dopamina.

“A música pode ser uma ferramenta terapêutica poderosa para pacientes com doenças neurológicas. Em condições como a doença de Alzheimer, a música pode ajudar a evocar memórias e melhorar a interação social e a comunicação. Em pacientes com Parkinson, a música pode ajudar na coordenação motora e na marcha”, enfatizou Clecio.

Além disso, a musicoterapia pode reduzir a ansiedade e a depressão em pacientes com várias condições neurológicas, proporcionando um meio de expressão e alívio emocional. “Algumas pessoas podem achar o rock mais estimulante e energizante, o que pode ser benéfico para melhorar o humor e a motivação”, complementou.

Harmonia entre rock e saúde

O urologista Rogério Fraga, preceptor da Residência Médica de Urologia do Complexo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR), citou condições urológicas, como síndrome da bexiga hiperativa e cistite intersticial, que podem ser agravadas pelo estresse, e a música aparece como um importante adjuvante no tratamento. Para ele, os benefícios do rock não se limitam ao corpo.

“A partir do momento que você tem que escutar e treinar a escuta, você vai fazendo conexões neurais que vão tornando a pessoa um ser humano mais empático, porque você vai melhorando sua capacidade de escutar”, afirmou o urologista.

Além disso, Rogério contou que sua paixão pela música começou cedo, ainda na infância. “Tenho cinco irmãos e todo mundo toca um instrumento, então a gente já tem de casa um hábito, pois meu pai gostava de cantar e tocava violão”, contou. Rogério é o vocalista da banda ‘Uso Utópico’, composta inteiramente por médicos egressos da UFPR.

Outro profissional cativado pelos acordes do rock é o ginecologista e professor Leonardo Bezerra, do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), baixista da ‘Banda Rebento’, composta por médicos egressos todos da UFC e que surgiu na pandemia de covid-19.

“O nosso encontro aconteceu num Brasil despedaçado. Eram, até então, 500 mil mortes. E ainda continuávamos a perder milhares de vidas a cada dia, em velocidade muito acima da média mundial. Um crime contra a humanidade. Um crime que precisava parar.”

A música, na avaliação de Leonardo, vai muito além de um simples estímulo sensorial: “Ela traz a nostalgia, toma sentimentos, traz lembranças e tem o rosto da história das nossas vidas”.

Ele destacou que a música “estimula, agrega movimento, pode ser um louvor, um hino de luta e até mesmo transgredir trazendo palavras proibidas. Ela declara sentimentos, percepções pelo outro e é extremamente importante para a edificação da nossa personalidade e para a construção do nosso dia a dia”.

Desde os tempos mais remotos, a música está presente na natureza e associada à nossa capacidade de ouvir, tocar instrumentos e cantar. Dentro da história da música, o rock vai além de uma expressão de rebeldia, agregando dança, jovialidade e a possibilidade de expressão fora dos padrões. “Rock é movimento, alegria, resgate de sonhos de juventude”, disse Leonardo.

Por Andreia Pires, com Danielle Campos e Heloísa Cristaldo/Rede Ebserh

Jornalista | Palestrante | Assessora de Comunicação | Consultora em Gestão de Crise de Comunicação | Apresentadora de rádio e televisão.

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